Testes ao vivo no laboratório: a segurança rodoviária infantil em ação!
A aprendizagem sobre segurança rodoviária infantil vai muito além dos livros ou do que vemos nas redes sociais. Para realmente entender o que está em jogo, é preciso ir mais fundo, ver testes ao vivo, sentir o impacto da ciência e da experiência, na prática. E foi isso que fizemos em Madrid.
Com o convite das prestigiadas marcas Klippan e Axkid, fomos até Madrid para um dia de aprendizagens intensas sobre segurança rodoviária infantil. Eu, Joana, não podia faltar, e desta vez a Anabela foi a felizarda que me acompanhou nesta aventura!
Depois de algumas peripécias logísticas e de quase fazer o direto antes da hora (oops!), conseguimos finalmente reunir-nos e seguir para o Mobios, onde a verdadeira aprendizagem ia acontecer.
Dormimos depressa umas 4h30m e já com os cafés no papo, seguimos para o Mobios, que estava apenas a 400 m muito frios do nosso ponto de partida.
“Un dia en el laboratorio” (assim o designaram), propunha-se ser um espaço de partilha informal, de livre troca de ideias, de contacto direto com os responsáveis máximos das marcas referidas, de visualização ao vivo e a cores de provas de ensaio. As provas seriam conduzidas pelo engenheiro e perito Sergi Ferris, e pelo professor catedrático da Universidade Comillas de Madrid, Francisco Lopez-Valdes e coordenador do laboratório em questão.
As provas com os dummies:
Os dummies são modelos antropomórficos usados para simular o comportamento humano em testes de colisão. A diferença entre as séries P3 e Q3 é crucial, pois os mais antigos (como o P3) são mais flexíveis e imitam de forma mais realista os movimentos de uma criança real durante um impacto. Já os modelos mais recentes (Q3) são mais rígidos, o que limita a precisão dos testes e pode não refletir a realidade de um impacto de forma tão fiel. Assim:
- veríamos uma prova de uma cadeira a favor da marcha com um dummie Q3, os dummies mais recentes e utilizados atualmente na homologação de cadeiras neste segmento;
- veríamos uma prova deste mesmo dummie, com critérios iguais aos aplicados no primeiro ensaio, mas…..sem cadeira;
- veríamos uma prova do dummie que foi utilizado por largos anos, até à chegada da série Q acima referida, equivalente, ou seja, o dummie P3, também…..sem cadeira
Teríamos a possibilidade de ver estes ensaios em tempo real, mas também de os poder comparar, refletir e, seguramente, utilizar o conhecimento que se pretendia que obtivéssemos no nosso trabalho futuro.
Os intervalos:
Houve tempo para fotos, conversas e abraços com “velhos” conhecidos, pares na busca de conhecimento com quem já me cruzara nas duas edições do curso que fiz na Universidade Comillas e houve tempo para café (muito), Vichy Catalana, tortilla e uns cookies de perder a cabeça!
Houve espaço para rever relíquias e partilhar com a Anabela a história de algumas peças de museu que viajaram de Gotemburgo para este evento, misturadas com as próximas novidades que estas marcas terão num futuro próximo para solucionar novas questões de mobilidade que a atualidade já apresenta.
A “sala de aula”:
Para quem, como eu, sempre gosta de saber a história por detrás das marcas com que trabalho, a história da Klippan já me era sobejamente conhecida, mas desconhecia por completo as fundações da Axkid – e foi uma viagem interessante que já me deixou ideia para uma meia dúzia de textos mais (sim, adoro escrever…com tempo 😉).
Numa sala pluricultural, com pessoas de Portugal, Espanha, Finlândia, Suécia e Itália, houve até lugar a tradução simultânea! Que luxo!
A aprendizagem:
A lição mais importante que trouxemos de Madrid é que, para garantir a segurança rodoviária infantil, não há espaço para soluções genéricas. Cada criança tem necessidades únicas, e a escolha do sistema de retenção deve ser personalizada. Um sistema de segurança tem que ser, acima de tudo, pensado para o ocupante. Não podemos confiar apenas em “rankings” de cadeiras que foram testadas com modelos de dummies limitados, pois a segurança real vai muito além dessas medições.
Efetivamente, e teremos pelas nossas redes informação sobre isto de forma mais incisiva, mas o que verificamos é que para este segmento de cadeiras em específico, ainda que com medições mais rudimentares, os dummies anteriores (série P) tinham um comportamento muito mais aproximado da realidade, num humano (criança, frágil, sem voz) na vida real.
Sergi Ferris diz: os dados dos dummies dão-me informação para homologação, mas para obter segurança não esperem isso dos dados obtidos pelos dummies….
O evento ‘Un Día en el Laboratorio’ foi muito mais do que uma simples visita. Foi um dia de imersão total, onde testemunhámos provas reais, discutimos ideias e, acima de tudo, aprofundámos o nosso conhecimento para aplicar no nosso trabalho diário.
Termino parafraseando Hans-Bäckström, CEO da Klippan: “There is no room for guesswork when it comes to a safe environment for a child in a vehicle. Only by testing and analysing the results will you understand what is at stake.”
Não há lugar para suposições quando se trata de criar um ambiente seguro para uma criança no automóvel. Só testando e analisando os resultados podemos perceber verdadeiramente o que está em jogo.’