Relato do nascimento
Hoje colocaria um cabeçalho diferente: todos os dias, e em particular nos apoios à amamentação que faço, a insegurança, o medo de não ser capaz, e a ansiedade ante cada choro, são uma constante dos meus dias. Partilho então convosco o que escrevi quando a minha filha L. nasceu:
“É um velho hábito meu recomendar a todos os papás que relatem a sua experiência do parto. A minha, em Janeiro de 2006, escrevia-a para a minha filha e partilho-a agora convosco!
O Parto
No dia 18 de Janeiro, cerca das 10h15 a mãe estava no supermercado Modelo a fazer compras (3 sacas de laranjas, pêras e fiambre – apetecia-me pão com fiambre desesperadamente!!) quando teve a certeza de que tinha rebentado a bolsa das águas.
Nesse momento o coração bateu mais forte, mas houve também uma calma estranha, uma serenidade inexplicável!
A mãe esperou pela funcionária que cortava o fiambre, foi para a caixa, esperou na fila pela sua vez, levou o carrinho com as compras até ao carro, devolveu-o, conduziu de volta para casa, fez a sua higiene, pegou na mala e foi até ao café pedir o número da Radiotaxi.
O pai só soube que querias nascer depois da mãe dar entrada no serviço.
Era quase hora do almoço e a mãe estava a tentar não acelerar o pai antes do tempo!
Ainda teve tempo de ir a casa buscar a máquina fotográfica e a máquina de filmar para registarmos a tua chegada! Foi o segundo momento em que vi o teu pai tão atrapalhado!O primeiro foi quando soube que a mãe estava grávida!
Assim que a mãe teve sensação de cólica pediu logo a epidural, afinal já tinham passado algumas horas desde que me tinham perguntado se tinha dores! Devia ser perto das 22h00… tudo correu lindamente e dentro do esperado até cerca da 1h do dia 19 de Janeiro.
A certa altura, quando eu, a avó e o pai riamos às gargalhadas, entrou a enfermeira com um ar bastante sério. Parecia que algo não batia certo e o teu coraçãozinho deixou de se ouvir. Ainda se fizeram algumas tentativas para corrigir a situação mas parecia que as coisas estavam a complicar.
A tua avó e o teu pai estavam já num stress, a tentar manter a calma e mal falaram, cada um a tentar acalmar-se a si próprio!
Pois é, apesar de a mãe querer muito que nascesses de parto normal, foi mesmo necessário vires ao mundo de cesariana!
Era 1h29 do dia 19 de Janeiro!
O momento em que a mãe te viu foi IMENSO!! ÚNICO! IRREPETÍVEL! INESQUECÍVEL! GRANDIOSO!
Tanto quanto a mãe soube depois tu já tinhas estado com o pai e a avó. A mãe viu-te logo depois!
A tia trouxe-te muito embrulhada e disse: ” – Parabéns mãe!” Quando a mãe olhou nem queria acreditar…
E a tia ao ver-me incrédula aproximou-se e disse: ” – É a tua filha! E é linda!”
A mãe cobriu-te logo de beijos e lágrimas… muitos beijos de amor e muitas lágrimas de alegria!
40 semanas de espera, 40 semanas a sentir-te crescer, 40 semanas já a amar-te tanto!
Finalmente podemos ver-te!
Tocar-te!
Abraçar-te!
Beijar-te!
E que frágil que pareces! Ainda temos medo! Tanto a mãe como o pai têm medo de não saber cuidar de ti!
Vamos aprender muito… os três… juntos!