Plagiocefalia: Quando prevenir é… curar!
“… A Plagiocefalia pode ser totalmente reversível até aos 2 anos de idade.. O primeiro passo é perceber se o problema existe e medir a gravidade do mesmo.”…
A Plagiocefalia é uma patologia pediátrica que se carateriza por uma assimetria do crânio, devido à sobreposição das suturas ao nível dos ossos craniais. Na maioria dos casos, tem origem no momento do nascimento, sobretudo no caso de partos por cesariana, forceps, ventosa ou trabalho de parto prolongado.
E não é por mero acaso que tal acontece. A resposta para a explicação deste “fenómeno” reside na forma como a Mãe Natureza nos preparou para nascer através do parto natural.
No parto natural, os ossos do crânio do bebé são “ajustados” para a sua posição correta no exato momento em que ocorre a passagem do crânio pelo canal vaginal. Quando tal não se verifica, a “moldagem” natural dos ossos do crânio não é feita, resultando em deformações que, se não forem tratadas, podem manter-se até à idade adulta. Mesmo no caso de partos normais, pode ocorrer o uso de ventosa, forceps ou pressão uterina prolongada, podendo provocar o mesmo tipo de lesão. No entanto, a plagiocefalia pode também ser de origem posicional. Daí a importância da educação aos pais no posicionamento dos bebés.
As consequências do não tratamento desta patologia são várias: em muitos bebés, para além da assimetria que se nota a olho, é também visível uma acentuada dificuldade em rodar a cabeça para os lados.
Não raramente, a plagiocefalia é também responsável pelo mau funcionamento do sistema digestivo que desconforta muitos bebés, provocando dificuldades na deglutição, cólicas e obstipação, devido à restrição da mobilidade do nervo vago.
Por outro lado, a implicação do nervo óptico, pode ainda causar problemas visuais, como a miopia e estrabismo. Já o deficiente alinhamento do canal auditivo explica, em muitos casos, a frequência de problemas auditivos, nomeadamente otites.
A assimetria do crânio pode também interferir com os níveis de irritabilidade do bebé – bebés que choram muito, perturbação do sono, etc -, pela alteração do ritmo cefalo-raquidiano.
A maior parte dos sintomas referidos até ao momento são detetáveis desde muito cedo. No entanto, existem outras alterações que só serão visíveis mais tarde. Quando a criança começa a andar, por exemplo, a ação da gravidade irá realçar qualquer assimetria ou disfunção que possa existir, como escolioses ou alteração do apoio plantar. Estas alterações poderão advir de uma consequência da plagiocefalia, como uma má oclusão, por exemplo.
Nos últimos anos, muitos pediatras têm aconselhado o uso de um capacete corretivo, com o propósito de solucionar o problema. Contudo, importa salientar que, não só se trata de uma opção dispendiosa, como verdadeiramente ineficaz.
Estes capacetes corretivos apenas fazem jus ao nome no capítulo da estética, não corrigindo a série de alterações causadas pela plagiocefalia atrás descritas, pelo que DESACONSELHO vivamente o seu uso!
Se não for devidamente tratada, a plagiocefalia mantém-se até à idade adulta, sendo que só nessa altura é que muitos dos sintomas já enunciados se poderão manifestar.
A plagiocefalia pode ser totalmente reversível até aos 2 anos de idade, enquanto as fontanelas ainda estão abertas. Como em muitas outras questões, PREVENÇÃO é a palavra chave. Recomenda-se que, após o nascimento, logo no primeiro mês de vida, se faça uma avaliação junto de um osteopata. O primeiro passo é perceber se o problema existe e medir a gravidade do mesmo.
À luz da osteopatia, é necessário avaliar o bebé como um todo e conhecer o seu historial – tipo de parto, alimentação (tipo de leite, capacidade de sucção), funcionamento intestinal (cólicas), se dorme bem, etc.
A partir daí, uma vez diagnosticada a plagiocefalia, o trabalho do osteopata deve incidir ao nível da correção do alinhamento dos ossos do crânio, que induzirá a uma consequente normalização dos sintomas.
Este tratamento não é mais do que um simples ”pousar” a mão na cabeça do bebé, que não provoca dor nem desconforto. Na maioria dos casos, é possível resolver o problema em 3 ou 4 sessões.