O SENHOR PIRES PROCURA NOIVA!
n
n
n
O SENHOR PIRES PROCURA NOIVA! – Histórinhas D’ Embalar #19
n
n
O senhor Pires sente-se só. Em tempos lá para trás teve par, conchego, companhia a condizer com o seu estilo, mas houve uma desgraça e a companheira de muitos anos partiu. Isto é: partiu-se no lava-loiça da cozinha.
n
Eu explico melhor. A companheira do Senhor Pires tinha um rebordo de entrançado de flores e era leve, levíssima, fina, finíssima, feita de porcelana vidrada, elegantemente pintada por mão de artista. Chávena como la não haveria muitas.
n
-Escorregou-me… – Desculpava-se a desajeitada mão que a lavava à torneira.
n
Pobre chávena, desfeita em cacos!
n
O senhor Pires, apesar de ser do mesmo fabrico e da mesma idade, gostava de a tratar por Menina Chávena e trazia-a sempre ao colo. Perdê-la foi, por isso, para ele, um grande desgosto.
n
Sozinho, sem par a condizer, o Senhor Pires vivia a sua inutilidade num canto sombrio do armário da cozinha. Até que decidiu pôr um anuncio:
n
PROCURA-SE
n
Chávena de solida formação
n
Convívio e possível matrimónio.
n
Assunto sério.
n
Se tivesse um feitio mais afoito, mais descarado, punha-se à janela, a apregoar: “ Quem quer, quem quer casar comigo, sou gentil e bom amigo?” Mas o Senhor Pires não conhecia a história da Carochinha.
n
Apresentou-se primeiro uma caneca dessas almoçadeiras, de asa robusta, muito vistosa, muito garrida, muito risonha.
n
– Desculpa, mas não és o meu género – disse o Senhor Pires. – Se fosses mais pequena…
n
A seguir veio uma tigela de sopa. Gabava-se de ser de sólida formação e de não rachar nem por nada.
n
– És grande de mais, desculpa – disse o Senhor Pires. – Podias desequilibrar-me e quem partia era eu.
n
n
Apresentou-se uma discreta chávena de chá, já um pouco esbeiçada do muito uso.
n
O Senhor Pires também não a aprovou.
n
– Desculpa, mas acho que não temos os mesmos objectivos… E, quando o casal não tem os mesmo objectivos, a ligação não resulta.
n
Até lhe pareceu a chávena que lhe convinha. Condiziam na leveza da porcelana, nos desenhos, em tudo…
n
Ela também estava sozinha. O respectivo pires partira-se numas mudanças.
n
Azares de loiça fina!
n
– Somos do mesmo serviço – encantou-se o Senhor Pires. – Temos uma vida a dois à nossa frente.
n
E, de facto, durante anos e anos, serviram muitos cafezinhos.
n
n
FIM!
n
n
Autor:
n
António Torrado
n
– –
n
n
DICAS PARA PAIS
n
Há várias formas de criar uma sensação de segurança no seu filho:
n
– Oferecer um boneco mágico, uma lanterna mágica (para quem tem medo do escuro) e até “pós mágicos” para deitar antes de dormir (um saco com purpurinas faz milagres).
n
– Fazer pequenos teatros durante o dia em que os personagens passem por situações parecidas com as que o seu filho verbaliza e se saiam bem.
n
– Pedir ajuda ao seu filho para pequenas tarefas e agradecer-lhe, dizendo que é forte e crescido.
n
n
n