Mãe… Mulher… Sapatos
Tenho a cabeça a mil! – disseram-me à pouco…
Eu diria: “Tenho mil coisas na cabeça!” – o que é perfeitamente normal, sendo mulher, e ainda por cima mãe e empresária, de entre os títulos mais sonantes…
Tenho meditado imenso em como transpor para o papel tudo o que cabe dentro desta cabeça sobre a palavra “MÃE” e sobre a forma como pretendo… EMOLDURÁ-LA… quero que o texto faça sentido, quero que faça pensar, quero que sirva de gatilho de conversa de café (sim, quero também acreditar que ainda há “conversas de café”, ora repletas de conteúdos filosóficos, ora perfeitamente inatingíveis aos ouvidos dos demais pois repletas de piadas privadas alimentadas por encontros repetidos e retomados a cada oportunidade que se quer), quero enfim, que o texto mexa consigo!
Nada de estranho para qualquer mulher que leia estas palavras… por eu própria ser mulher.
Ora, mas a palavra central, aquela que me desafiei a explorar foi a palavra “MÃE”… impecável! Pois uma palavra sobre a qual quase nada se disse, escreveu ou falou! (risos)
Que poderei eu trazer de novo, de belo, de AMORoso a esta palavra? Possivelmente nada, apenas a minha reflexão…
MÃE – antes de seres mãe és filha, és criança, és sonho, és amor, és provavelmente também prima, também sobrinha, também neta… antes de seres mãe encerras em ti tantos e tantos sonhos, expectativas e medos também.
MÃE – a mulher que vive dentro de ti finta o mundo num jogo constante, tentando acertar a cada momento no par de sapatos que deve calçar. Sim, falar na palavra MÃE sem abrirmos a porta do armário dos sapatos não faz sentido. Ora de sapatilhas a brincar no parque, ora de sabrinas a reunir com a professora, ora de chinelos em casa a ver a febre de hora em hora, ora de saltos altos a bater palmas na festa da escola! Tantos e tantos sapatos precisa uma MÃE… e só neste seu papel!
MÃE – é também uma MULHER, é PROFISSIONAL, é ESPOSA e cada um destes papéis tem em si um sem número de sapatos – cada um deles carregado de simbolismos, rótulos e… juízos de valor.
MÃE – que te querem perfeita, perfeita à luz de uma qualquer visão, filosofia, cultura ou religião, pois cada uma encerra a sua própria definição de perfeição…
MÃE – que chora a dor de um filho, MÃE que vibra a cada uma das suas conquistas, MÃE que desmonta medos, MÃE que enfrenta batalhas e MÃE que se anula noutros tantos papéis…
Aquilo que eu faço não é aquilo que eu sou…… no entanto, EU SOU MÃE… com medos mas, por favor, sem culpas!