Brincar é explorar, é criar, é inovar!
“Brincar, brincar se isto não é ter que fazer, o que é ter que fazer….” – assim começa uma maravilhosa música que me remete para as minhas memórias essenciais de infância, quando fiz parte de um grupo de música – o Bando dos Gambozinos – que me permitiu formas de expressão, passeios, brincadeiras, muuuuuiiiiitas, e explorar – o mundo e a mim própria.
De facto, brincar é uma ocupação árdua, que deve ser encarada com muita seriedade, ou talvez não, sei lá! – depende do ponto de vista! LOL
Brincar é uma forma de aprender, pela experiência, pela experimentação, pelo desafio e pela superação.
Brincar, desenganem-se os adultos cinzentos, não é “não fazer nada”, mas pelo contrário, permitirmo-nos fazer mais, fazer novo, fazer diferente, mas fazer!
Brincar é explorar, é criar, é inovar – e tanto, mas tanto que se aprende e ensina também. Pois claro que brincar é uma dialética, em que tanto aprende quem brinca, como quem dá espaço ao brincar. E que falta nos tem feito a todos BRINCAR! Que falta nos tem feito a socialização que decorre do BRINCAR, que falta nos tem feito a capacidade de argumentação, a linguagem – de cada vez que se partilha com o outro uma proposta de brincadeira, se desenvolve a cognição, a linguagem, a capacidade de expressão, a construção de frases e até a persuasão de fazer a sua ideia vingar – a coordenação motora também, a motricidade e tantas competências fundamentais para a vida.
Vivemos tempos cinzentos, em que se brinca pouco, se utiliza em excesso o quadradinho colorido que nos bombardeia com coisas que nos tolhem os movimentos e bloqueiam a criatividade. Dizem que é quando estamos entediados ou aborrecidos que temos maior capacidade para criar – e para quem ainda teve o privilégio de viver “como um bando de pardais, à solta” é fácil compreendermos que é mesmo isso.
Brincar implica interacção e faz por isso parte do importante processo de socialização, da compreensão das emoções, da gestão de sensações de frustração, euforia e tantas outras que decorrem das brincadeiras mais simples, às mais rebuscadas.
Brincar é também um ato de intimidade, em que o outro expõe ideias, pensamentos – sendo por isso também uma importante forma de nós, os ditos dos adultos, estarmos no mundo dos nossos filhos, no seu espaço, nos seus afetos, num processo vinculativo importantíssimo e alicerçante.