Chupeta sim ou não?
O uso de chupeta interfere ou atrapalha a amamentação?
Este não é de todo um assunto consensual. Se não o é academicamente não o pode ser entre pais e profissionais.
Após a compreensão das versões defendidas pelo lado “pró” (nomeadamente Academia Americana de Pediatria) e pelo lado “contra” (Sociedade Brasileira de Pediatria) a utilização da chupeta de forma concomitante com a amamentação, não consigo não atentar à minha própria experiência e observação ao longo destes já 13 anos enquanto Conselheira em Aleitamento Materno, sentindo-me capaz de emitir um parecer pessoal, ainda que generalista. Assim, a minha opinião não deve dispensar a consulta de um profissional, que caso a caso poderá menifestar um parecer mais adequado, personalizado e eventualmente assertivo.
Em primeiro lugar, o que inumeras vezes constato é que os bebés amamentados em exclusivo não são fãs de chupeta e/ou não a sabem utilizar.
Naturalmente, até que a amamentação esteja devidamente estabelecida, devemos evitar o uso deste objecto, a fim de permitir ao bebé a sua perfeita adaptação à mama da mãe – a sucção nutritiva que buscamos primeiramente.
Não podemos no entanto ignorar que muitas vezes ao negar o acesso a uma chupeta, o bebé se socorre do que tem mais “à mão”, ou seja, precisamente o dedo, que não lhe pode ser negado…..nem nessa altura, e nem muitas vezes muito mais tarde – o que origina quadros odontológicos não muito agradáveis e de difícil e dolorosa resolução.
Então, mais do que vedar o acesso a uma chupeta, convém atentar nos aspetos a baixo:
– disponibilizar chupeta ao bebé apenas quando a amamentação esteja devidamente implementada;
– escolher criteriosamnete a chupeta sabendo que a base da chupeta (zona de conexão ao ao “disco”) deverá ser o mais achatada possível para permitir que o bebé feche o mais possível a boca e os lábios. Chupetas de base redonda potenciarão maiores deformações nas mandíbulas e dentição;
– ter também em conta o formato da tetina, sabendo que um formato mais achatado proporcionará maior e melhor distribuiçaõ de forças ao nível da arcada da boca do que uma tetina redonda;
– fazer uma substituição periódica da chupeta e acautelar que o tamanho desta acompanha a idade do bebé também.
Cabe também aos pais estar atentos, à medida que o bebé se transforma em criança, quer à forma como a chupeta é utilizada – se só para adormecer, ou se é utilizada como um objecto apaziguador e de auto-regulação – quer a atempadamente sugerir, incentivar e potenciar o seu abandono. Ter os pais perto e apoiantes dessa decisão, é seguramente reconfortante e encorajador para a criança.
Aproveito para dar nota que no D’Barriga exite uma simbólica árvora das chupetas, onde a criança poderá pelo seu pé vir colocar a chupeta e trocá-la por um presente da tia. Ser a criança a tomar a atitude de se desprender desse objecto é meio caminho andado para o sucesso.
Com calma, o mundo não é só branco ou preto e todos os pontos de vista têm um fundamento,compreenda-os, avalie e decida……afinal, os pais são sempre soberanos!