João e Maria
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João e Maria – Histórinhas D’ Embalar #28
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Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
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A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
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Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras.
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– Há uma solução… – disse a madrasta, que era muito malvada. Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
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O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
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No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
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– Não chore, tranqüilizou-a o irmão. Tenho uma idéia.
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Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
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No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
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As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
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João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
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O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
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João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
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Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
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Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
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Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
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– Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
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Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
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As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
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De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: – Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês.
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Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até cair no sono em confortáveis caminhas.
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Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito.
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Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
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Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
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– Esse menino, não há meio de engordar.
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– Dê mais comida para ele!
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Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
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– Hoje eu vou fazer uma festança. Maria ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver e dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado.
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Assustada, Maria começou a chorar.
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– Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado, a bruxa falou.
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Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
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Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
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A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também, mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
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– Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer?
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– Menina boba! – disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por ela.
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A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro. A menina, então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
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Maria foi direto libertar seu irmão.
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Estavam muito felizes e tiveram a idéia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas .
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Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.
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Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
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Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho e viram ao longe a pequena cabana do pai.
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Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
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Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraçá-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.
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Irmãos Grimm