Automóvel principal, automóvel secundário e duração das viagens
O contacto diário com famílias em busca de sistemas de retenção infantil tem-me tornado mais consciente da enorme falta de perceção de risco que existe, genericamente, em relação à segurança rodoviária infantil. Esta falta de perceção reflete-se em frases como:
- “É uma cadeira para o automóvel secundário”;
- “É uma cadeira para o automóvel dos avós, só anda duas vezes por semana”;
- “É uma cadeira só para levar e buscar à escola, são 5 km por dia” – entre outros exemplos semelhantes.
Gostaria de desconstruir, desde já, cada uma destas frases, destacando alguns riscos que elas acarretam:
- O automóvel secundário, provavelmente, é menos seguro, menos cuidado e, muitas vezes, mais antigo do que o automóvel principal – o que significa que deve ser um automóvel a ser olhado com redobrada atenção.
- Os avós, que muitas vezes viajam menos do que os pais, quer pela idade, quer pela redução das capacidades de reação, acabam por tornar estas viagens talvez as mais arriscadas para os mais pequenos. Além disso, são muitas as vezes em que a retenção das crianças não é feita da forma mais adequada, com o cinto a ser ajustado de forma incorreta – o que, claro, aumenta o risco.
- O trajeto diário para a escola é muitas vezes feito “no piloto automático”, com a cabeça cheia de outras preocupações: o jantar, o banho, o supermercado… De manhã, estamos em correria, e ao fim do dia, estamos exaustos. Baixamos o nível de atenção e, mais uma vez, tornamos este trajeto potencialmente mais perigoso do que uma viagem de férias, que fazemos apenas uma vez por ano! (Infelizmente, não é? 😅)
Estudos indicam que mais de 80% dos acidentes com feridos graves e perdas de vidas ocorrem a menos de 10 km do nosso ponto de partida. E estou certa de que isso tem a ver com a falsa crença de que dominamos o meio em que nos movemos. E isto coloca-nos, sem dúvida, num lugar muito perigoso!
É nas pequenas deslocações que, talvez, alguns dos que agora me leem se permitam viajar sem cinto de segurança, não apertar o cinto como deveria ou cometer outros “pequenos descuidos” que, na realidade, só aumentam o risco e multiplicam as hipóteses de uma tragédia. Não estamos sozinhos na estrada – à nossa volta circulam outros tantos “é só até ali”, misturados com “tenho mesmo que chegar a horas” e com glovos, estafetas e pessoas que vivem profissionalmente na estrada.
E se vos dissesse que, ao não garantirmos a segurança em cada viagem, estamos a dar um passo em direção ao risco? Imagina que deixavas o teu filho a brincar no parapeito de uma janela – só por uns minutos, só até ali… Parece fazer sentido? Pois é, o risco na estrada é o mesmo. A segurança não pode ser uma opção: deve ser uma prioridade em todas as viagens, por mais pequenas que pareçam. O que importa é não dar margem para o perigo, nem por um segundo.
No final, a questão é simples: não podemos tratar a segurança como algo opcional ou dispensável. Cada viagem, por mais curta que seja, é uma oportunidade de garantir que estamos a proteger aquilo que mais amamos. Não podemos arriscar. Porque, no fundo, todos sabemos que um segundo de descuido pode ser tudo o que basta para mudar uma vida para sempre.
P.S. Este cenário de desvalorização da segurança rodoviária infantil é, infelizmente, muito mais comum do que gostaríamos de admitir. Por isso, não podemos negligenciar a importância de uma assessoria especializada na hora de escolher o sistema de retenção ideal. Cada família tem necessidades diferentes, e a escolha de um sistema de retenção adequado deve ser feita com base no conhecimento das especificidades de cada criança, do automóvel em que viajam, e das condições financeiras de cada família.
Ter um ponto de venda que, além de oferecer produtos de qualidade, tenha profissionais capacitados para orientar as famílias na escolha da melhor solução de segurança, considerando a realidade de cada um, é essencial. Um bom aconselhamento faz toda a diferença, não só em termos de segurança, mas também ajustando o investimento ao orçamento familiar de forma equilibrada. A segurança rodoviária infantil não pode continuar a ser vista como um gasto, mas como um investimento que protege a quem muito amamos: os nossos filhos.
Dúvidas? O D’Barriga está Consigo nesta caminhada 😉