A História e Importância do Capacete: mais do que um simples acessório
Na busca constante de melhorar o conhecimento, trago-vos desta vez a história e a origem do capacete, reconhecido hoje como imprescindível elemento de segurança, não só entre condutores de motas, bicicletas e outros meios de locomoção mais desprotegidos do que o automóvel, como também com aplicação como equipamento de proteção individual por bombeiros, na construção, etc.
A origem do capacete reside, provavelmente, em épocas remotas, onde elmos e capacetes eram utilizados como forma de proteger a cara e a cabeça, tendo por isso inspiração na época medieval.
O capacete tem como propósito primeiro proteger o crânio, evitando ou minimizando as lesões decorrentes de impactos, mas não é a sua única função!
O uso do capacete por motociclistas serve vários propósitos importantes:
- Proteção: O capacete é projetado para proteger a cabeça em caso de impactos, reduzindo o risco de lesões cerebrais e traumatismos cranianos – que podem ter consequências incapacitantes de forma permanente ou mesmo levar à morte
- Segurança: Estudos mostram que os motociclistas que utilizam capacete têm significativamente menos probabilidade de sofrer lesões graves ou fatais em colisões.
- Conformidade legal: Em muitos países, o uso do capacete é uma exigência legal, e a sua não utilização pode resultar em multas ou perda da carta de condução.
- Conforto: na verdade, os capacetes da atualidade proporcionam conforto, na medida em que protegem contra o vento e o ruído, além de aquecer ou refrescar a cabeça conforme necessário.
- Visibilidade: Muitos capacetes têm cores brilhantes ou faixas refletoras que ajudam a que o motociclista seja mais facilmente visto por outros condutores.
- Estabilidade: O uso do capacete auxilia a estabilizar a cabeça, especialmente em altas velocidades, proporcionando maior controle e conforto na condução.
Usar um capacete é uma das medidas mais eficazes que um motociclista pode tomar para garantir a sua segurança na estrada.
A utilização do capacete é obrigatória, como referi, na maioria dos países europeus, mas, a título de curiosidade, há alguns países onde a utilização do capacete por motociclistas não é obrigatória para todos os tipos de motos. Um exemplo notável é a Suécia, onde o uso do capacete é obrigatório para motocicletas, mas em algumas circunstâncias específicas, como em scooters de baixa cilindrada, a regulamentação pode variar. Outro exemplo é Itália, onde o uso do capacete é obrigatório, mas existem algumas exceções para scooters de baixa potência em áreas urbanas.
Considera-se o capacete desenvolvido por Gottlieb Daimler em 1885, como o embrião, ainda que bastante rudimentar em comparação com padrões modernos, daquilo que éo capacete dos nossos dias. Este invento era feito de couro e tinha um design simples, com um formato que cobria a cabeça, possivelmente sem a proteção adequada que vemos hoje.
O lema de Gottlieb Daimler era Das Beste oder nichts (“O melhor ou nada”; “Nada além do melhor”). Este lema veio a ser adotado pela Mercedes-Benz como seu slogan em 2010.
Para quem tenha curiosidade acerca da vida de Gottlieb Daimler e como o slogan chegou à Mercedes-Benz pode consultar:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gottlieb_Daimler
ou
https://group.mercedes-benz.com/company/tradition/founders-pioneers/gottlieb-daimler.html
A partir da década de 30, o interesse pela velocidade e por motos cada vez mais rápidas (principalmente nos Estados Unidos, numa competição entre a Harley-Davidson e a Indian) aumentou consideravelmente os casos fatais de acidentes. Ainda assim, o uso do capacete não era considerado relevante.
Foi necessária uma tragédia para que se olhasse para este tema com outros olhos!
Inglaterra, 13 de maio de 1935, enquanto Thomas Edward Lawrence, “Lawrence da Arábia”, como ficou conhecido, pilotava a sua Brough Superior SS1000 de volta a casa, deparou-se com dois miúdos em bicicleta e perdeu o controle da motocicleta, tendo sido projetado. Como estava sem capacete, Lawrence sofreu graves lesões na cabeça, que o deixaram em coma.
Após 6 dias em coma, Lawrence acabou por falecer, e foi Hugh Cairns, neurocirurgião da equipa de médicos que cuidou de Lawrence, quem deu início a um estudo, denominado “Perda desnecessária de vidas por pilotos de motocicleta devido a ferimentos na cabeça”.
O exército inglês deu pleno apoio ao estudo levado a cabo por Dr. Cairns, tendo de imediato equipado todos os seus soldados motociclistas com capacetes. Mais tarde, o governo inglês determinou o uso do capacete obrigatório para os motociclistas. O modelo foi copiado por muitos países ao redor do mundo em pouco tempo. Ainda assim, nem todos os países seguem a rigor essa lei. No Estados Unidos, por exemplo, as leis mudam de estado para estado, e alguns preferem não privar a liberdade de quem quer andar sem capacete, o que pode ser visto em vários filmes provenientes da terra do tio Sam.
É então em 1953 que surge um protótipo de capacete por camadas, pela mão de C.F. Lombard, professor da University of Southern California (USC), conhecido pelo seu trabalho na pesquisa e desenvolvimento de capacetes, especialmente no que diz respeito à segurança em desportos motorizados e motocicletas. Ele teve um papel importante na análise de impactos e na eficácia dos capacetes na proteção contra lesões.
Lombard contribuiu para o avanço das normas de segurança para capacetes, ajudando a estabelecer padrões que visam reduzir o risco de lesões cerebrais em acidentes. Seu trabalho enfatiza a importância da engenharia de segurança e da pesquisa científica na melhoria dos designs de capacetes.
O seu trabalho abraçou diversas áreas relacionadas com a análise de impactos e design de capacetes. Aqui estão alguns pontos importantes sobre suas contribuições:
- Pesquisa em Segurança: Lombard conduziu estudos sobre a eficácia dos capacetes na prevenção de lesões, analisando como diferentes designs e materiais poderiam afetar a proteção em casos de impacto.
- Normas de Segurança: esteve também envolvido na formulação e revisão de normas de segurança para capacetes, ajudando a estabelecer padrões que garantissem a proteção adequada aos motociclistas.
- Engenharia de Impacto: o seu trabalho incluiu frequentemente a aplicação de princípios de engenharia para entender melhor como a energia do impacto é absorvida e distribuída através do capacete, o que é crucial para a segurança do utilizador.
- Educação e Conscientização: para além da pesquisa, Lombard também se preocupou com a educação dos motociclistas sobre a importância do uso de capacetes e como escolher um capacete que atendesse aos padrões de segurança.
- Publicações: publicou vários artigos e estudos que abordam tanto a teoria por detrás dos impactos quanto os resultados de testes práticos a capacetes.
Este capacete, por camadas, não só absorvia o choque de um impacto, mas também distribuía o choque acumulado. Lombard registrou a patente desta sua invenção, que se veio a tornar o padrão para a produção e desenvolvimento dos capacetes modernos.
Atualmente, os projetos ainda contemplam o modelo de Lombard: com o interior em EPS (espuma de poliestireno expandido), que tem densidade e consistência para suportar um impacto e com uma camada de plásticos ou fibras pelo exterior. A objetivo é que o equipamento fique distorcido com o impacto, absorvendo integralmente a energia e impedindo ou minimizando determinantemente as lesões no utilizador…
Para quem tenha curiosidade sobre os diferentes tipos de capacetes para motociclistas, pode consultar:
Tipos de Capacetes:
Campanha portuguesa de sensibilização para o uso do capacete – se for possível, colocar este vídeo como imagem do post: